Você sabia que uma em cada dez mulheres que dão à luz
desenvolvem a doença? Informe-se e saiba como lidar com o problema
Depressão pós-parto: o lado doído
de ser mãe | Crédito: Shutterstock
A chegada do bebê é o momento mais lindo, pleno e,
sobretudo, feliz da vida de uma mulher. Pelo menos é assim que aprendemos
que ele deveria ser... Seja nas brincadeiras de
casinha ou nos filmes com finais felizes em que as mulheres aparecem com suas
barrigonas, somos ensinadas desde pequenas que o nascimento de um filho é uma
fase mágica. E, a maioria das mulheres, de fato, se sente realizada. Mas e
quando esse acontecimento tão importante começa a gerar ansiedade, angústia e
acaba desembocando numa depressão? Descubra por que isso acontece e a
importância de deixar o preconceito de lado e encarar de frente esse problema
tão mais comum do que se pensa:
A diferença entre
depressão e melancolia pós-parto
Ao dar à
luz, muitas mulheres se sentem tristes. “Esse sentimento está ligado às
mudanças hormonais, à descida do leite e à percepção da mulher de que terá a
responsabilidade de cuidar de um bebê”, explica Cristiana Julianelli, psicanalista
com formação em psicologia perinatal e parental (voltada para grávidas e para
mães e pais de recém-nascidos). Muitas vezes, a mãe se questiona se dará conta
da nova função. Estima-se que 8 em cada 10 mulheres enfrentam essas dúvidas
após o parto e experimentam oscilações no humor, choro fácil, ansiedade,
alterações no sono e no apetite. Mas isso tudo tende a passar em um mês. Em
compensação, quando os sintomas são mais fortes e vêm acompanhados de tristeza
profunda, desinteresse pelo bebê e pelas atividades do dia a dia (a ponto de
atrapalhar a relação com a família), é hora de procurar ajuda médica. Em casos
mais graves, as mulheres podem cogitar até o suicídio. Por isso, a situação
nunca deve ser subestimada.
Por que o
sentimento aparece?
“A chegada
de um filho pode trazer alegrias e realizações, mas é muito comum que traga
também medo, insegurança e angústia devido às inúmeras mudanças internas e
externas que acompanham a gestação e o pós-parto”, explica a especialista.
Trata-se de uma experiência totalmente nova. Além disso, outros motivos podem
interferir na maneira como a mulher enxerga sua condição de mãe:
Durante a
gestação, é comum experimentar o sentimento de que mãe e bebê são um só, o que gera
a sensação de estar completa. Com o parto, vem a separação e, muitas vezes, o
sentimento de vazio.
Outra sensação
corriqueira é a de que o bebê que está nos braços da mãe não é igual àquele que ela havia imaginado quando ainda o carregava no ventre.
A mulher
passa por uma mudança de papel bem grande. Se antes era filha, agora vira mãe. Isso pode
gerar insegurança,
principalmente
para quem é muito exigente, se cobra a todo momento e acha que é sua obrigação
dar conta de tudo sozinha. O caminho aqui é aceitar (e pedir também) ajuda,
seja do marido, da mãe, da sogra, de uma amiga...
O corpo fica
diferente, e nem sempre é fácil aceitar esse tipo de mudança. A situação pode,
inclusive, interferir na sexualidade. Aqui, o segredo é manter o diálogo aberto
com o companheiro.
Se a mulher é casada ou
está em um relacionamento estável, a relação e a dinâmica da casa, que antes só
importavam a ela e
ao marido,
passam a dizer respeito também ao filho.
A rotina
muda completamente e, muitas vezes, a mãe se sente isolada. Essa sensação tende a
ser maior nas primeiras semanas, quando o bebê ainda não interage
muito. Aceitar receber visitas ajuda!
A alimentação e o sono
ficam prejudicados devido à demanda constante da criança.
“A maternidade está
longe de ser um conto de fadas”
“Percebi que
havia algo errado quando senti medo uma semana após a Mia, que hoje está com 5
meses, nascer. Um dia dormi amamentando e ela caiu no meu joelho. Não foi grave,
mas senti que não seria capaz de cuidar dela. Fui me trancando em casa, não
queria receber visitas, chorava e implorava para que meu marido não fosse
trabalhar. Às vezes, me batia na frente do espelho.
Coloquei na
cabeça que este é um mundo ruim para se criar um filho, e que não seria capaz
de ver a Mia sofrer. Ao mesmo tempo, me sentia frustrada, pois a gravidez foi
muito planejada! Sou casada há 9 anos e finalmente estava realizando o sonho de
ser mãe.
Porém, não
me sentia feliz. Três semanas depois, coloquei a Mia para dormir e peguei todos
os medicamentos da casa. Achava que
aliviar esse
sentimento. Mas a Mia chorou, e não fiz nada. Depois, a situação se repetiu e
cheguei a tomar alguns remédios. Mais uma vez, escutando o choro dela, me
arrependi e vomitei. Foi difícil para mim e para o meu marido. Emagreci 20 kg e
ele, 12 kg.
Mas seu
apoio foi importante – ele esteve sempre ao meu lado, enquanto os outros diziam
que aquilo era frescura. Minha mãe
também. Ela
disse que ninguém saberia cuidar tão bem da Mia quanto eu. Tirando eles, me
sentia sozinha. Mas acabou que eu criei
um grupo no
Facebook chamado Sou Dessas Mães, e hoje recebo relatos de pessoas que passaram
ou passam pela mesma situação.
Aprendi que
é preciso desmistificar a figura da mulher que ‘nasceu para ter um filho e uma
família’ – até porque nem é isso o que todas as mulheres querem da vida. Hoje
estou bem. De vez em quando sento e choro, mas sei que a maternidade não é um
conto de fadas e, mesmo prazerosa, não é fácil para nenhuma mulher...”
fonte: revistaanamaria
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