Campanha
viralizou nesta quarta-feira (25), apropriando-se da troca de presentes
tradicional para discutir temas como machismo e homofobia
Usando como ponto de partida um tradicional
costume das festas de final de ano, uma campanha viralizou nas redes sociais
nesta quarta-feira (25). O #MeuAmigoSecreto se
apropriou da brincadeira de trocas de presentes para denunciar e discutir
temas como machismo,
homofobia, racismo e corrupção.
Como na brincadeira
de trocas de presentes, no qual o participante descreve as qualidades que
definem a pessoa presenteada, a campanha também traz descrições de pessoas, casos e
situações de
constrangimento ou preconceito.
Assim, desde cedo, as
redes sociais foram invadidas por uma verdadeira onda de depoimentos em forma
de situações frequentes. A grande maioria do público
envolvido era feminino, e situações de machismo encabeçaram as
denúncias. A professora universitária e feminista Lola Aronovich, de Fortaleza,
aderiu à campanha e usou o espaço para discutir a cultura do estupro.
Alguns usuários, por
outro lado, aproveitaram o espaço para abordar todo tipo de situação
corriqueira que acontece no dia a dia, desde a perda do controle remoto até
desentendimentos nas redes sociais.
A campanha dá
prosseguimento a um movimento iniciado pela hashtag #MeuPrimeiroAssedio,
iniciada em outubro deste ano, com o caso de assédio virtual envolvendo a
participante do programa MasterChef Júnior, Valentina Schulz, de 12 anos. Foi
criada, também, uma página no Facebook para compilar os relatos feitos
na rede social. Até o fechamento desta matéria o espaço já contava com mais de 1.500 curtidas.
Ativistas virtuais
Mas o que torna
possível uma campanha atingir um número tão grande de pessoas antes mesmo de
completar 24 horas de existência? A mestre em comunicação e semiótica e
professora de comunicação da faculdade Estácio Fic Lígia Sales explica
que, ao tornarem-se memes,
os movimentos ganham força nas redes sociais. “Os memes são termos, palavras,
histórias ou acontecimentos que se propagam rapidamente pela internet graças à
cultura de participação, característica natural da grande rede”, explica.
Essa cultura da
participação permite que todos com acesso à grande rede possam dialogar,
propagar conhecimentos e dar
vasão a suas emoções e indignações. “Inclusive esse movimento
#MeuAmigoSecreto é um meme que vem dando vazão às frustrações de muitas pessoas
em relação ao machismo e ao preconceito”, aponta.
Por outro lado,
segundo a especialista, esse movimentos têm vida curta e, com a mesma rapidez
que surgem, tendem
a chegar ao fim sem,
de fato, representar uma mudança social impactante. “Isso acontece porque os
chamados ‘ativistas de sofá’ costumam ter opinião formada sobre tudo e
falam com muita propriedade sobre diversos temas, mas, muitas vezes, acabam
substituindo o agir pelo discursos. É comum sabermos e discutirmos muito sobre
uma determinada situação, mas não fazermos nada ou quase nada para mudá-la”.
A
saída, segundo Lígia, seria um maior
engajamento político
dos indivíduos que ainda permanecem no virtual. “É necessário o comprometimento
social, mas isso não quer dizer que a comunicação dentro da web não tenha força
de ação politica. Tem sim, quando os participantes conseguem já têm uma
participação política forte. É necessário transformar essas demandas em
políticas públicas e ações”, finaliza.
fonte: tribuna do ceará
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